30 anos depois...

Nesse último feriado que passou fomos para Santos.

Meus pais, Maria Beatriz, os cachorros e eu.
O Giovane ainda estava na África.

Eu nasci em Santos e morei lá até meus 4 anos, até virmos para São Paulo.
Mas não me lembro de muita coisa, tenho flashes de alguns momentos.

O apartamento que freqüentamos hoje é o mesmo que meus pais moraram assim que se casaram e é o mesmo que eu e meu irmão nascemos.
E a Beatriz já foi várias vezes para lá.

Mas essa foi a primeira vez em que ela realmente se deu conta do novo espaço.
Agora mais velha ela prestou atenção em tudo. Desde a sua chegada, olhava cada detalhe, de cada quarto, cada cantinho.
E de longe, o lugar preferido dela já é o terraço.

Ela levanta, se apóia no vidro e discursa.
Grita, gesticula, fica na ponta do pé quando precisa dar ênfase a algum argumento mais importante.
E fica lá por horas.
Minha mãe disse que eu fazia a mesma coisa na idade dela.

Uma coisa que eu me lembro é que achava o meu quarto enorme.
O terraço então, parecia não ter fim.
E vai ver, para as minhas perninhas curtas, não tinha mesmo.

Ficamos muitos anos sem voltar lá porque o apartamento ficava alugado.
Quando voltei já adulta, levei um choque.
A nossa memória é traiçoeiria às vezes.

Fiquei pensando que a Beatriz vai ter as lembranças dela, no mesmo cenário.
Onde eu cresci, ela agora vai passear.
Dormir no mesmo quarto e brincar no mesmo terraço.
A diferença é que agora, 30 anos depois, meu pais são avós.
E eu, agora sou mãe.

Mãe de Menina